sete perguntas para um especialista
GORDURA NO FÍGADO: o mal do sedentário pode evoluir para a cirrose
Os casos de esteatose hepática, nome científi co desse problema, têm aumentado em países que adotam uma alimentação rica em gorduras, especialmente as saturadas (de origem animal). Saiba os riscos dessa doença e como preveni-la
POR STELLA GALVÃO
GORDURA NO FÍGADO: o mal do sedentário pode evoluir para a cirrose
Os casos de esteatose hepática, nome científi co desse problema, têm aumentado em países que adotam uma alimentação rica em gorduras, especialmente as saturadas (de origem animal). Saiba os riscos dessa doença e como preveni-la
POR STELLA GALVÃO
1- O QUE É ESTEATOSE HEPÁTICA?
Trata-se de uma condição na qual ocorre depósito de gordura (triglicérides) no interior das células do fígado, chamadas de hepatócitos. Este acúmulo ocorre por vários mecanismos.
Trata-se de uma condição na qual ocorre depósito de gordura (triglicérides) no interior das células do fígado, chamadas de hepatócitos. Este acúmulo ocorre por vários mecanismos.
O primeiro é por meio do simples aumento do consumo de gordura saturada, aquela responsável também pelo aumento do colesterol ruim (LDL), pelo estreitamento das artérias, o aumento da pressão sangüínea e o risco de infarto; e que são encontradas especialmente em produtos de origem animal, como carnes vermelhas e macias.
Ou seja, a ingestão de grandes quantidades desse tipo de gordura na alimentação faz com que haja um aumento da deposição do excedente no fígado. O segundo mecanismo é mais associado a pacientes com diabetes do tipo 2 ou com predisposição para tal doença. Essas pessoas apresentam um fenômeno chamado resistência à insulina: apesar de produzir insulina, a ação desta é comprometida. Este quadro ativa mecanismos celulares, que favorecem o depósito de gordura no fígado. Por fim, nos últimos anos, revelou-se um terceiro mecanismo envolvido no aparecimento da esteatose hepática. O consumo de gordura e o ganho de peso podem promover o aparecimento de proteínas inflamatórias, chamadas citocinas. Tais substâncias, quando atuando no fígado, também podem favorecer o depósito de gordura no órgão.
2- QUEM ESTÁ MAIS SUSCETÍVEL A ESTE PROBLEMA?
Existem fatores genéticos e ambientais que predispõem à esteatose. Os genéticos ainda são pouco conhecidos, mas acredita-se que tenham relação com os mesmos fenômenos genéticos que podem levar ao diabetes. Os ambientais, entretanto, são vários. Entre eles, podemos destacar os hábitos alimentares, como uma dieta rica em gordura, o consumo excessivo e regular de álcool, o uso de alguns medicamentos (que, de acordo com a sua composição e ação, podem estimular o acúmulo de gordura no órgão) e até certas infecções, inclusive às associadas aos vírus das hepatites B e C.
Existem fatores genéticos e ambientais que predispõem à esteatose. Os genéticos ainda são pouco conhecidos, mas acredita-se que tenham relação com os mesmos fenômenos genéticos que podem levar ao diabetes. Os ambientais, entretanto, são vários. Entre eles, podemos destacar os hábitos alimentares, como uma dieta rica em gordura, o consumo excessivo e regular de álcool, o uso de alguns medicamentos (que, de acordo com a sua composição e ação, podem estimular o acúmulo de gordura no órgão) e até certas infecções, inclusive às associadas aos vírus das hepatites B e C.
3- ESTE ACÚMULO DE GORDURA PODE AFETAR A SAÚDE GRAVEMENTE?
A esteatose passa a ser um risco quando há o aparecimento de células inflamatórias no fígado. Neste caso, a pessoa deixa de ter a esteatose simples e passa a apresentar a esteato-hepatite. A próxima complicação é a fibrose hepática, situação na qual as células do fígado (os hepatócitos) morrem e são substituídas por um tecido fibroso, como aquele que se forma durante uma cicatrização normal da pele. Em pacientes sem esteato-hepatite e sem fibrose, acredita-se que a capacidade de reversão da doença é muito grande, entretanto, após a instalação de uma dessas complicações, a chance de evoluir para a cirrose (doença crônica do fígado, que se caracteriza por fibrose e formação de nódulos que bloqueiam a circulação sangüínea no órgão) é bastante grande. Neste caso, o fígado deixa de desempenhar suas funções normais, como produzir bile (agente diluidor de gorduras), auxiliar na manutenção dos níveis normais de açúcar no sangue, produzir proteínas e metabolizar o colesterol. Assim, em situações mais graves, o transplante do órgão passa a ser a única solução para a cura da doença.
A esteatose passa a ser um risco quando há o aparecimento de células inflamatórias no fígado. Neste caso, a pessoa deixa de ter a esteatose simples e passa a apresentar a esteato-hepatite. A próxima complicação é a fibrose hepática, situação na qual as células do fígado (os hepatócitos) morrem e são substituídas por um tecido fibroso, como aquele que se forma durante uma cicatrização normal da pele. Em pacientes sem esteato-hepatite e sem fibrose, acredita-se que a capacidade de reversão da doença é muito grande, entretanto, após a instalação de uma dessas complicações, a chance de evoluir para a cirrose (doença crônica do fígado, que se caracteriza por fibrose e formação de nódulos que bloqueiam a circulação sangüínea no órgão) é bastante grande. Neste caso, o fígado deixa de desempenhar suas funções normais, como produzir bile (agente diluidor de gorduras), auxiliar na manutenção dos níveis normais de açúcar no sangue, produzir proteínas e metabolizar o colesterol. Assim, em situações mais graves, o transplante do órgão passa a ser a única solução para a cura da doença.
4- COMO FAZER PARA IDENTIFICAR O ACÚMULO DE GORDURA E A GRAVIDADE DESTE DISTÚRBIO?
Os indícios de esteatose são detectáveis, inicialmente, pelo exame clínico do paciente no próprio consultório médico.
Os indícios de esteatose são detectáveis, inicialmente, pelo exame clínico do paciente no próprio consultório médico.
O fígado pode estar com aumento de volume e o médico detectar isto ao apalpar o abdômen. Se isto for observado, cabe ao profissional solicitar, por meio de exames, a determinação sangüínea de algumas enzimas hepáticas que, se estiverem realmente em quantidades maiores, podem indicar a presença de distúrbio hepático, o que pode mostrar inclusive uma esteatose. Na etapa seguinte, dá para se realizar um ultra-som de abdômen que revelará aumento e alteração estrutural do fígado. A BIÓPSIA É A ÚNICA
5- FORMA DE VERIFICAR SE A GORDURA NO FÍGADO PODE EVOLUIR PARA A CIRROSE?
Somente a biópsia (a retirada de um pedaço do órgão para análise) permite avaliar se há esteatose simples, esteatohepatite, presença de fibrose ou cirrose. A indicação deste exame invasivo é feita para paciente com padrão ultrassonográfico do fígado que gere suspeita e na presença de níveis elevados das enzimas hepáticas no sangue.
Somente a biópsia (a retirada de um pedaço do órgão para análise) permite avaliar se há esteatose simples, esteatohepatite, presença de fibrose ou cirrose. A indicação deste exame invasivo é feita para paciente com padrão ultrassonográfico do fígado que gere suspeita e na presença de níveis elevados das enzimas hepáticas no sangue.
A indicação obedece a critérios rígidos que devem incluir cada um dos dados acima.
6- É POSSÍVEL REVERTER O PROBLEMA APENAS POR MEIO DO CONTROLE NA DIETA?
Sim, para a maior parte dos pacientes, especialmente aqueles com esteatose simples, a correção dietética (com a redução de gordura), a perda de peso e a manutenção de uma rotina de atividade física são suficientes para reverter o quadro.
Sim, para a maior parte dos pacientes, especialmente aqueles com esteatose simples, a correção dietética (com a redução de gordura), a perda de peso e a manutenção de uma rotina de atividade física são suficientes para reverter o quadro.
7- E QUANTO À PREVENÇÃO?
Valem os mesmos requisitos: manutenção de dieta saudável e do peso ideal, bem como atividade física constante.
Valem os mesmos requisitos: manutenção de dieta saudável e do peso ideal, bem como atividade física constante.
Fonte:Revista VivaSaúde