Divirta-se: saiba quais são as estreias da semana nos cinemas
André Carmona
19 Abril 2018 | 16h12
‘7 dias em Entebbe’. Foto: Orange Studio Cinéma
7 Dias em Entebbe
(7 Days In Entebbe, Reino Unido/2018, 107 min.) – Suspense. Dir. José Padilha. Com Daniel Brühl, Rosamund Pike, Eddie Marsan.
Em julho de 1976, um voo da Air France de Tel-Aviv à Paris foi sequestrado e forçado a pousar em Entebbe, na Uganda.
Os passageiros judeus foram mantidos reféns para ser negociada a liberação dos terroristas e anarquistas palestinos presos em Israel, na Alemanha e na Suécia.
Sob pressão, o governo israelita decidiu organizar uma operação de resgate atacar o campo de pouso e soltar os reféns.
3,0
Legal
Este drama parte da vontade de estabelecer equilíbrio entre dois lados de um conflito. No embate histórico entre Israel e Palestina, José Padilha busca dizer que os ambos têm suas razões, ambos cometem excessos, ambos apelam para a violência às vezes. Partindo do episódio verídico em que uma guerrilha pró-Palestina sequestrou um avião cheio de israelenses, em 1976, para negociar a liberação de presos políticos palestinos, o projeto sugere que os dois lados foram movidos por crenças, paixões e impulsos políticos equivalentes, porém aplicados a lados distintos da equação.
O princípio é louvável pela manifestação de empatia sem fomentar desavenças nem apontar culpados. Por esta razão, 7 Dias em Entebbe assume uma aparência quase fria, protocolar. Este é filme de ação, não no sentido de possuir cenas de ação em grande quantidade, mas de ser movido unicamente por elas. O roteiro, com seus letreiros, datas e decisões, apresenta uma sucessão pragmática de fatos, como um relatório do que ocorreu naqueles dias: o grupo efetuou o sequestro, o governo israelense não quis reagir, depois concordou, então apareceram desavenças entre os sequestradores etc. Se fosse um texto, seria repleto de verbos e pontos finais, mas com poucos adjetivos, advérbios ou conjunções.
A psicologia dos personagens é abordada de maneira apressada. Os personagens principais de cada lado, Wilfried Böse (Daniel Brühl) e Brigitte Kuhlmann (Rosamund Pike) entre os pró-Palestina, e o ministro Shimon Perres (Eddie Marsan) representando o lado israelense, hesitam algumas vezes no uso da violência, na necessidade de intensificar a ameaça caso o lado adverso não corresponda. No entanto, limitam-se à existência dentro deste episódio: jamais entendemos o que aquelas pessoas pensam ou vivem fora deste conflito epidérmico. A tentativa pontual de estudar a fragilidade de Brigitte, na cena do telefone quebrado, rumo à conclusão, beira o cômico de tão desajeitada.
De fato, o projeto não é afeito a sutilezas, como atesta a sua galeria de passageiros acessórios, cada um cumprindo uma função: as duas criancinhas para despertar simpatia, a senhora idosa que sobreviveu aos campos de concentração, o francês confundido com espião, o piloto boa-praça servindo de ponte entre vítimas e sequestradores etc. Cada um é definido pelo interesse que pode acrescentar ao conflito. Mas dificilmente o espectador lembrará o nome de qualquer um deles no final da sessão.
Eles valem como coeficiente para criação de suspense, bem orquestrado pela montagem nervosa, pela trilha típica de thrillers hollywoodianos, pela explicação quase escolar dos fatos. Padilha troca os traços autorais pela ambição de clareza: seu filme é de fácil interpretação política mesmo para pessoas que nunca ouviram falar no conflito Israel-Palestina. No entanto, soa como um projeto de linguagem e sensações padronizadas, comum dentro dos moldes da indústria americana.
Embora não se percebam muitas nuances no retrato, pelo menos existe a interessante busca por uma metáfora, através da dança contemporânea. 7 Dias em Entebbe confere um espaço importante a um espetáculo criado por Ohad Naharin, e bem retratado no documentário Gaga - O Amor Pela Dança. Esta peça israelense, simbolizando os conflitos militares do país, possui um ritmo vibrante, muito útil à edição. No clímax, talvez a montagem de Daniel Rezende se perca um pouco ao tentar mostrar tantos pontos de vista em paralelo: dos dançarinos, dos sequestradores, das vítimas, do governo israelense. Pelo menos, a comparação da guerra com sua representação artística dilui o aspecto fatual do filme. Esta é a mais bela ideia do projeto.
Mesmo assim, ela não deixa de ter o seu efeito perverso: ao destacar uma obra de arte israelense, durante uma ação de resgate de Israel, a edição coloca a vitória dos soldados judeus em paralelo com o desempenho impecável dos dançarinos. Quando a plateia aplaude os artistas, a montagem sugere que são os soldados que de fato recebem a ovação. Enquanto isso, curiosamente, nenhuma autoridade palestina é evocada. Na conclusão, de mesmo modo, os palestinos são esquecidos para se destacar a consequência do episódio na política israelense.
O filme adota, enfim, um ponto de vista, porém discreto, contido, misturado ao caos dos tiros, do sangue, da dança. Seria compreensível e mesmo desejável que Padilha assumisse claramente sua postura política – digamos, se fosse à esquerda como Ken Loach, à direita como Clint Eastwood, ou pertencente a qualquer outra nuance. No final deste relato, após a tentativa de equilibrar os dois lados e se mostrar imparcial, o pendente pró-Israel se revela pouco sincero, como uma mensagem subliminar, uma espécie de conclusão obtida após analisar friamente os dois lados, e não uma hipótese que os responsáveis já tinham desde o princípio.
É muito diferente dizer “Acredito que este lado está correto; vou lhe mostrar o porquê” e dizer “Analisei os dois lados igualmente, mas no final das contas, ficou clara a razão de um deles”. A primeira postura parte do posicionamento político para chegar às provas; a segunda parte de provas para chegar num posicionamento político. Um destes discursos corresponde ao do militante, o outro, o do juiz. Existe uma diferença muito grande entre a ordem dos fatores.
Filme visto no 68º Festival Internacional de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2018.
7 Days in Entebbe | |
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Operação Entebbe [1] (BR) | |
Reino Unido 2018 • cor • | |
Direção | José Padilha |
Produção | Tim Bevan Eric Fellner |
Roteiro | Gregory Burke |
Elenco | Rosamund Pike Daniel Brühl Vincent Cassel Eddie Marsan Ben Schnetzer |
Gênero | Ação Aventura |
Música | Rodrigo Amarante |
Direção de fotografia | Lula Carvalho |
Edição | Daniel Rezende |
Companhia(s) produtora(s) | StudioCanal Participant Media Working Title Films |
Distribuição | Focus Features |
Lançamento | 19 de fevereiro de 2018 16 de março de 2018 19 de abril de 2018 |
Idioma | Inglês |
7 Days in Entebbe (no Brasil, Operação Entebbe) é um filme de crime britânico dirigido por José Padilha e escrito por Gregory Burke. O filme narra a história da Operação Entebe, uma operação de resgate que aconteceu em 1976 contra terroristas que possuíam reféns. As estrelas de cinema Rosamund Pike e Daniel Brühl fazem parte do elenco. O filme teve pré-estreia no Festival de Berlim em 19 de fevereiro de 2018.Foi lançado em 16 de Março de 2018 nos EUA.Em 19 de abril de 2018 foi lançado no Brasil
7 Days in Entebbe é o quarto filme a dramatizar os eventos da Operação Entebe, depois que a TV Americana filmou Victory at Entebbe (1976) e Raid on Entebbe (1977), e o Israelense filme Operação Thunderbolt (1977).
Enredo
Quatro sequestradores assumem o controle de um avião, levando os passageiros de reféns, e levar o avião para a ilha em Entebbe, Uganda, em 1976, em um esforço para libertar dezenas de Palestinos presos em Israel.
Elenco
- Rosamund Pike - Brigitte Kuhlmann
- Daniel Brühl - Wilfried Bose
- Vincent Cassel -
- Eddie Marsan - Shimon Peres
- Ben Schnetzer - Zeev Hirsch
- Lior Ashkenazi - Yitzhak Rabin
- Denis Ménochet - Jacques Lemoine
- Nonso Anozie - Idi Amin
RoteiristaGregory Burke
CompositorRodrigo Amarante
ProdutorTim Bevan
ProdutorEric Fellner
Produtor ExecutivoJonathan King
Produtor ExecutivoJeff Skoll
Produtora ExecutivaLiza Chasin
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