Casarões históricos em São Paulo: descubra
curiosidades e saiba o que fazer em cada um deles
Júlia Corrêa
21 de
novembro de 2019 | 16h30
Conheça a história e os atrativos atuais de sete casarões que
ganharam novos usos em São Paulo – tombados, os imóveis
incorporaram desde museus até cafeterias e espaços literários
MUSEU DA ENERGIA
Foto: Marcelo Donatelli
+ A casa que hoje abriga o
Museu da Energia, construída entre 1890 e 1894 a partir de projeto do
escritório de Ramos de Azevedo, pertencia a Henrique Santos Dumont, irmão do
famoso aviador. Na época, o bairro de Campos Elísios era uma região sofisticada
e requisitada por membros da elite. Depois que os primeiros moradores deixaram
o local, o casarão, ao longo dos anos, tornou-se sede de instituições como um
internato feminino. Em 2001, foi incorporado pelo governo do Estado.
Restaurado, o local abriga o
atual museu desde 2005. Lá, é possível conhecer a história da iluminação de São
Paulo, por meio de vídeos, fotos e objetos históricos, além de equipamentos
interativos voltados às crianças. Há, também, uma série de exposições temporárias.
Até março de 2020, ‘São Paulo pelas Lentes de Gaensly’ revela as transformações
da capital, entre 1899 e 1925, pelo olhar do fotógrafo suíço.
Al. Cleveland, 601, Campos Elísios,
3224-1499. 10h/17h (fecha dom. e 2ª). Grátis.
CASARÃO
Foto: Cris Vieira
+ Atrás de um portão cercado
de árvores na Rua Pamplona, fica um charmoso casarão reconhecido como
patrimônio histórico e que contrasta com as altas edificações que, cada vez
mais, dominam seu entorno. Erguido nos anos 1930, o imóvel tornou-se, em 1952, sede
da Fundação Instituto de Física Teórica, conhecida hoje como Instituto
Principia, que ainda ocupa parte do terreno. Se, na época de sua construção,
ele representava a riqueza da era do café, o local remete, agora, a parte de
suas origens. Isso porque o imóvel passou, em 2018, por uma restauração e,
desde então, funciona como o complexo Casarão – espaço aberto ao público com
cafeteria e livraria.
Comandado pelo empresário Lauro Megale, o Zel Café conta
com grãos especiais, produzidos em sua fazenda no sul de Minas Gerais. O
expresso sai por R$ 6 e, com a proximidade do verão, vale apostar em opções
geladas, como o ‘Frappé de Café’ (R$ 16). Do cardápio assinado pelo chef Shaun
Dowling, prove, pela manhã, o ‘Breakfast Combo’ (R$ 28), com minipão integral,
granola com frutas vermelhas e iogurte, pão de queijo, fruta da estação, ovos
mexidos, suco de laranja e um café à escolha. Há também saladas (R$ 29/R$ 39),
risotos (R$ 42/R$ 65) e, para adoçar, brownie de caramelo com sorvete de
baunilha (R$ 16).
No subsolo, a Livraria do Comendador conta com livros
de vários gêneros, incluindo especialidades como ciência e gastronomia, e
também promove eventos. Neste domingo (24), das 14h às 15h, atrizes trajadas como
as personagens de ‘The Handmaid’s Tale’ promovem o lançamento da continuação do
livro de Margaret Atwood, que inspirou a série televisiva.
R. Pamplona, 145, Jd. Paulista,
3283-3500. Café: 7h30/22h30 (dom., 8h/17h; 2ª, 7h30/19h). Livraria: 8h/20h
(sáb., dom. e fer., 8h/16h; fecha 2ª).
LE PAIN QUOTIDIEN
Foto: Eduardo Godoi
+ A rede belga Le Pain
Quotidien inaugurou, em 2017, uma unidade em um antigo casarão da Avenida
Higienópolis. Registros e alguns relatos indicam que o imóvel foi construído em
1904 e chegou a abrigar uma escola, sendo tombado, na esfera municipal, em 2014.
Ao lado do movimentado shopping Pátio Higienópolis, a padaria é uma ótima opção
para um passeio tranquilo – a casa é cercada de árvores e dispõe de mesinhas e
guarda-sóis na área externa. Do lado de dentro, os ambientes também são
agradáveis, e incluem mesa coletiva e até uma estante com livros.
Além dos tradicionais pães –
a cesta com fatias artesanais sai por R$ 24 –, vale provar os itens do cardápio
‘Primavera-verão’, que acaba de ser lançado pela casa. Entre eles, a ótima
focaccia com queijo de cabra, tomate confit e molho pesto (R$ 15), que vai bem
com sucos como o de uva com água de coco (R$ 12). O pão de chocolate (R$ 9)
está entre os doces mais populares. Vale prová-lo com o cappuccino tradicional,
bem cremoso (R$ 8,50/R$ 11,50).
Av. Higienópolis, 698, Higienópolis,
3562-2344. 8h30/22h (dom., 8h30/21h).
CASA DAS ROSAS
Foto: André Hoff
+ A Casa das Rosas foi projetada, a partir de 1928, pelo escritório de
Ramos de Azevedo – o mesmo de construções icônicas como o Teatro Municipal e a
Pinacoteca. Por muito tempo, serviu de residência para os herdeiros do
arquiteto. Nada menos do que 30 cômodos compunham a mansão em estilo clássico
francês, sempre lembrada por seu belo jardim. Em 1991, após ter sido reformada
pelo governo estadual, foi transformada em centro cultural e, em 2004,
reinaugurada como Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura.
Lá, as letras ganham destaque em diversos eventos e exposições. Acaba de
ser inaugurada, por exemplo, a mostra ‘William Blake: Portas da Imaginação’,
que reúne, até 19/1/2020, materiais raros e inéditos do poeta inglês. Vale
aproveitar e fazer uma pausa no Caffè Ristoro, nos fundos da casa,
que serve expresso (R$ 5,50) e tem como carro-chefe o bolo de doce de leite com
lascas de amêndoa (R$ 14,50).
Av. Paulista, 37, metrô Brigadeiro.
10h/22h (dom. e fer., 10h/18h; fecha 2ª). Grátis. Café: 9h/22h (sáb., 10h/22h;
dom., 10h/19h; 2ª, 9h/19h).
INSTITUTO ITALIANO DE CULTURA
Foto: JF Diorio/Estadão
+ Também originário da
expansão urbana ligada ao café em São Paulo, o casarão que hoje abriga o
Instituto Italiano de Cultura foi construído em 1922. De estilo neoclássico,
remetendo ao Petit Trianon do Palácio de Versailles, o imóvel pertencia a Oscar
Rodrigues Alves, filho do ex-presidente Rodrigues Alves. Após alguns anos sendo
habitado por sua família, foi comprado, em 1958, pelo governo italiano. Do
Circolo Italiano di San Paolo ao Consulado Geral da Itália, o local teve diferentes
usos até 2006, quando se tornou a sede do atual instituto, que busca promover
intercâmbio entre Brasil e Itália.
Hoje, há diversas atividades abertas ao público, que pode ainda consultar os mais de 23 mil títulos pertencentes à biblioteca – a maioria em língua italiana. Entre as próximas atrações, na 5ª (28), às 19h, dentro do ciclo ‘Decifrando Da Vinci’, haverá a exibição gratuita do documentário ‘Leonardo 500’ (91 min.; livre), que destaca a genialidade do mestre italiano.
Av. Higienópolis, 436, Higienópolis, 3660-8888. 9h/13h e 15h/17h (6ª, 9h30/13h; fecha sáb. e dom.). Grátis.
SOLAR DA MARQUESA
+ Quando foi incorporado pela Prefeitura, em 1975, algumas dificuldades se impunham à recuperação do Solar da Marquesa. É que, desde sua construção, por volta de 1750, o casarão passou por várias modificações. Residência de um importante brigadeiro; moradia da Marquesa de Santos; Palácio Episcopal; sede de uma companhia de gás… Com diferentes ocupações ao longo dos anos, o local, surgido como uma mera junção de duas casas de taipa, foi adaptado para receber uma capela, ganhando fachada neoclássica, e viu suas portas e janelas serem transformadas em vitrines. Em 1991, uma reforma buscou preservar elementos dessas várias fases, corrigindo a descaracterização do local.
Hoje, encontram-se ali diferentes atividades do Museu da Cidade. Assim, além de apreciar a arquitetura, que permite uma viagem ao tempo, é possível visitar boas exposições. Até 5/1/2020, uma mostra de Paulo von Poser entrelaça, em desenhos, gravuras, pinturas e fotografias, o passado e o presente da região central.
R. Roberto Simonsen, 136, Centro, 3241-1081. 9h/17h (fecha 2ª). Grátis.
CASA DA IMAGEM
Foto: Nelson Kon
+ Separada do Solar da Marquesa pelo Beco do Pinto – passagem que abriga, atualmente, projetos de arte contemporânea –, a Casa da Imagem, também conhecida como Casa Número Um, tem seus primeiros registros datados de 1689. Foi no século 19, no entanto, que ganhou a aparência eclética que remete a chalés europeus do período. De lá para cá, o imóvel já foi residência, colégio, casa de saúde, hotel, sede de escritórios e até de companhia teatral. Tombado pelo município em 1992, foi restaurado entre 2008 e 2011, quando tornou-se o espaço que guarda o acervo iconográfico da cidade, pertencente à rede Museu da Cidade.
De um arquivo de milhares de fotografias, originam-se as exposições abertas ao público. Em cartaz até 15/3/2020, a mostra ‘Não Oficial’, de Paulo D’Alessandro, reúne 42 obras que retratam festividades da alta sociedade nos anos 1990. Há, ainda, uma série de atividades ligadas às imagens. No dia 30/11, das 14h às 17h, a artista Paula Braggion conduz oficina gratuita de bordado em fotografia (com inscrições 1h antes).
R. Roberto Simonsen, 136B, Centro, 3106-5122. 9h/17h (fecha 2ª). Grátis.
Fonte: Estadão
Foto: Nelson Kon
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