Globo Repórter - Serra do Mar - 01/06/2018 Globo Repórter segue rastro do maior felino das Américas: a onça pintada Uma longa cortina de montanhas e floresta debruçada sobre o mar. Litoral de São Paulo, coração da parte mais preservada da Mata Atlântica. O Parque Estadual Serra do Mar fica a mais de 700 metros de altitude. No Núcleo Curucutu, o desafio da equipe é seguir o rastro do maior felino das Américas: a onça pintada. A região é a maior e mais preservada área da Mata Atlântica do Brasil. O abrigo da rainha, a floresta, fica a exatos 30 quilômetros de São Paulo, a capital. O maior felino das florestas brasileiras vive em uma área preservada da Serra do Mar, bem perto da maior cidade do país. Mas, por enquanto, a onça pintada está bem protegida. 'Jardineiro' da floresta, muriqui-do-sul ‘planta’ árvores dispersando sementes Simpático equilibrista, o muriqui-do-sul é o maior macaco das Américas. O nosso muriqui é mestre na arte de fazer rebrotar a mata. Os muriquis são considerados bons jardineiros da Mata Atlântica. Não só porque cuidam bem da floresta, mas, como se alimentam de frutas, espalham as sementes de várias espécies de árvores. Os animais dispersam a semente até dois quilômetros de distância do lugar onde eles se alimentaram. Pode-se estimar - com alguma precisão – que os muriquis plantam mais de 50 espécies de árvores. O muriqui é um animal exclusivo da Mata Atlântica, não há em nenhuma outra floresta. Eram 400 mil quando o Brasil foi descoberto. Hoje, são apenas 1.500 vivendo na Serra do Mar. Segundo o professor Talebi, atualmente, o maior inimigo do muriqui é o desmatamento. A caça, que também é responsável pela matança do animal, felizmente diminuiu. Árvore rara é principal sustento de famílias em comunidade de Ubatuba Ameaçadas de extinção, a juçara é um prato saboroso para 70 animais silvestres e também ajuda a alimentar o homem.
O milagre da multiplicação dos frutos. A Mata Atlântica, apesar de tão maltratada, aos poucos está renascendo. A pequena comunidade de moradores de Ubatumirim, município de Ubatuba, litoral de São Paulo, vive da agricultura, mas preserva com carinho uma palmeira que já foi extinta em outras regiões do Brasil: a juçara.
A árvore é um prato saboroso para 70 animais silvestres e ajuda a alimentar o homem também. No caso de Ubatumirim, é o principal sustento dos moradores. Cada pé de juçara tem 4.800 coquinhos mais ou menos. Mas as famílias só colhem um quarto disso. Como vivem em harmonia com a natureza, a comunidade deixa a maior parte da safra para os animais silvestres.
A juçara está na lista das espécies criticamente ameaçadas de extinção. Apesar de ser proibida a sua derrubada, é perseguida pelas indústrias clandestinas de palmito. Mas em Ubatumirim, os moradores descobriram que é muito mais vantajoso colher os frutos e manter a palmeira preservada.
A Serra do Mar é muito mais que um deslumbrante cenário. É também a esperança de ver um dia a floresta mais ameaçada do Brasil retomando suas áreas devastadas, recebendo a atenção que merece e o respeito dos brasileiros.
Sapinho recém-descoberto na Serra do Mar possui toxina do baiacu
Até 2014 nem a ciência sabia da existência do pingo de ouro. Animal raro é menor do que uma unha e só existe na região.
Um morador da mata que há cerca de 40 milhões de anos vivia no anonimato. Tão escondido que, até 2014, nem a ciência sabia da existência dele. O Globo Repórter visita as matas do Núcleo Cunha, no Parque Estadual da Serra do Mar. Este animal minúsculo, raríssimo, só existe nesta região. E nas alturas, entre 900 e mil metros. É o sapinho pingo de ouro.
Menor do que uma unha, eles têm uma toxina na pele, que é a mesma do peixe baiacu. Os efeitos sobre os animais e homens ainda não são conhecidos, mas dá para saber que eles são tóxicos pela coloração forte alaranjada.
A notícia que as biólogas trazem não poderia ser melhor: na área onde vivem os sapinhos a mata está intocada. Essa espécie, que depende de florestas úmidas em bom estado de conservação, só ganhou reconhecimento científico depois de um exaustivo trabalho.
Estuário de Cananéia é um dos paraísos do boto cinza
Pesquisadores calculam que pelo menos 400 animais vivem hoje na região. Em um ambiente saudável como este, o boto cinza vive entre 30 e 35 anos.
Entre a terra e o mar, a Mata Atlântica vira uma floresta inundada. É o manguezal, um ecossistema cheio de vida. Na região de Cananéia, ele se estende por uma faixa de 150 quilômetros e é um dos mais preservados da costa brasileira. Admirável multiplicação de nutrientes, é um banquete inesgotável para pássaros e aves. Além da fartura, garantia da renovação: ali, os guarás fazem seus ninhos e se criam até alçar voo e ganhar o mundo
No vai e vem das marés, surgiu outra boa notícia: o estuário de Cananéia é um dos paraísos do boto cinza. Inteligente, o animal escolheu o lugar certo para morar. Com tantos nutrientes que vêm do mangue, comida tem de sobra. Os pesquisadores calculam que pelo menos 400 botos vivem hoje na região. A reprodução é lenta: apenas um filhote a cada três anos. Em ambiente assim, saudável, o boto cinza vive entre 30 e 35 anos.
Em dez anos de estudo, os pesquisadores fizeram muitas descobertas. A mais importante foi a identificação de 148 espécies de aves, que antes da pesquisa nunca foram vistas nesta região. Um aumento de mais de 50% em relação ao número de espécies que eram conhecidas na Serra do Mar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário